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HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES

preparou-se serenamente para a viagem eterna, ditando as suas disposições testamentarias.

Era, nas circumstancias em que se encontrava, uma princeza pobre.

Mas, pela leitura do testamento, reconhece-se toda a humildade dos seus sentimentos religiosos, na recommendação que faz ácerca da modestia dos funeraes, e nos pequenos legados, nas ultimas recordações com que testemunha o seu affecto pelas pessoas que a rodeavam, as suas criadas particulares, taes como a ama do fallecido principe Luiz e a mulher do barbeiro do duque.

Herdeiro universal o marido. Aos filhos legava a terça. E recommendava que se do proximo parto nascesse uma filha, não a casassem sem consentimento de Carlos V; e sempre com um principe igualmente illustre em nascimento. De contrario, preferiria que fosse freira.

Legitimo orgulho de uma princeza portugueza que, alongando os olhos para além do tumulo, procurava evitar que uma filha sua desposasse um d'esses pequenos principes que enxameavam na Italia. Mãi dedicada, queria que a sua prole estremecida tivesse um destino mais tranquillo do que ella tivera.

O testamenteiro nomeado por D. Beatriz foi Francisco de Carvalho, embaixador portuguez junto á côrte de Saboya.

A duqueza déra á luz uma creança do sexo masculino, que recebeu o nome de João Maria. Mas a