Restava saber quem era o allemão, G. de E., testemunha ocular, qualidade com que elle proprio se abonava.
De investigação em investigação, cheguei a apurar que a testemunha ocular era Guilherme de Eschwege, barão d'este titulo, de quem Innocencio dá noticia no seu Diccionario bibliographico, posto a não dê do opusculo relativo a D. Miguel.
Guilherme de Eschwege nasceu na Allemanha em 1778, entrou ao serviço de Portugal em 1802 com outros officiaes da sua nação, chamados pelo ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho, a fim de serem empregados nos trabalhos de mineração que se tratava de promover no Brazil.
Em 1822 ou 1823 regressou do Brazil a Lisboa, onde D. João VI o nomeou intendente geral das minas e mattas do reino, cargo de que tomou posse em agosto de 1824.
Demittiu-se em 1829 por não querer servir sob o governo de D. Miguel.
Partiu para a Allemanha, onde esteve até 1835, voltando então a Portugal e sendo reintegrado no exercicio de intendente de minas. Demittido no anno seguinte, el-rei D. Fernando empregou-o na direcção das obras dos palacios reaes.
Estava com licença na Allemanha, quando morreu em Wolfsanger, no dia 1 de fevereiro de 1855.
D. Miguel sae das mãos do barão de Eschwege com a figuração de um monstro sanguinario, que se refocillava na perpetração de atrocidades selvagens.