MAXIMILANO EM PORTUGAL
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morias de Maximiliano. Fez um apanhado do que lhe pareceu mais proprio a interessar o leitor francez, a caracterisar o espirito e imaginação do author ou a tornar conhecidas as suas relações com as côrtes estrangeiras.

Portanto temos que contentar-nos, relativamente a Portugal, com as impressões que a Jules Gaillard aprouve traduzir; mas reputamol-as bastantes a darem uma idéa precisa do modo de sentir e pensar de Maximiliano a nosso respeito.

Começa o archiduque recordando o proverbio Quem não viu Lisboa não viu coisa boa, com que a tradição celebra as bellezas de Lisboa, emparelhando a capital portugueza com as mais formosas cidades do mundo, Constantinopla, Stockolmo, Napoles e Rio de Janeiro.

Maximiliano não conhecia a lenda germanica, que Ferdinand Denis citou, de um cavalheiro que em Jerusalem quiz vêr n'um espelho magico a mais bella cidade da Europa, e viu Lisboa; se conhecesse, tel-a-ia citado conjuntamente com o proverbio para tornar ainda mais frisante a impressão não inteiramente agradavel que Lisboa lhe causou.

O archiduque descreve Lisboa, vista do Tejo, como uma agglomeração de casas sem o caracteristico de edificios distinctos e originaes, e sem o pittoresco que resulta da harmonia da perspectiva. Lamenta a falta de uma floresta onde a vista possa repousar, e acha que o ceu e a agua não possuem o colorido quente e brilhante dos paizes meridionaes.