MAXIMILANO EM PORTUGAL
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E a lingua portugueza?! Como sua alteza a achou desafinada e charra! Tem graça, porque nós pagamos-lhe na mesma moeda, quanto a lingua. Não ha portuguez nenhum que não esteja de accôrdo com a opinião de Carlos V,—de que o allemão é uma lingua para se fallar aos cavallos. Mas para chamar desafinada á lingua portugueza já é preciso ter dureza de ouvido! E não dizia o pateta do Filinto:

Fallemos portuguez brando e sonoro!

Sua alteza estava com muita curiosidade de vêr a rainha D. Maria II, porque era sua proxima parenta e uma princeza reinante, cujo destino havia sido dos mais agitados.

Quem o archiduque encontrou primeiro a esperal-o no palacio das Necessidades foi o marechal duque de Saldanha, a quem chama o genio universal, o deus ex-machina, o sol do nosso paiz n'aquelle tempo. N'isto acerta. Triumphante o movimento politico da regeneração, Saldanha, coberto do prestigio que lhe haviam dado as campanhas da liberdade, succedêra no poder ao conde de Thomar. Quando o archiduque Maximiliano chegou a Lisboa, o ministerio era composto por Saldanha, presidencia e guerra; Rodrigo, reino; Seabra, justiça; Garrett, estrangeiros; Fontes, fazenda e obras publicas; Athouguia, marinha.

A Garrett faz o archiduque uma referencia especial, sem o nomear, dizendo: «Entre os ministros mencionarei o dos negocios estrangeiros que, segun-