DUAS IMPERATRIZES
221

Scander tinha um grande orgulho da sua posição, e não obedecia a ninguem senão á imperatriz.

Um dia passeava elle no Jardim das Tulherias, e lembrou-se de macaquear os gestos e meneios de um desconhecido qualquer, que, não gostando da parodia, o admoestou. Mas Scander respondeu-lhe com um pontapé, e o desconhecido, filando-o por uma orelha, desancou-o com a bengala.

Furioso, mas poltrão, Scander gritava:

—Deixe-me, que eu sou o filho da imperatriz...

O serviço da cosinha era feito por meio de ascensores, e executado com grande regularidade e presteza.

O salão de Luiz XIV tinha uma grande meza, e ao fundo, sobre o fogão, um busto monumental d'aquelle soberano, além de um retrato do mesmo rei, pintado por Lebrun, de um retrato de Anna d'Austria, e de um quadro representando a apresentação do duque de Anjou aos embaixadores hespanhoes.

Depois do jantar, os imperadores dirigiam-se com a sua entourage para o salão d'Apollo, onde se servia o café, que Napoleão III tomava sem sentar-se fumando cigarrilhas.

Era geralmente n'esta occasião que o imperador conversava com os officiaes da guarda. Toda a côrte se conservava tambem de pé, mas o imperador convidava quasi sempre as damas a sentarem-se. Fazia-se então circulo, fallava-se principalmente dos acontecimentos do dia, o marquez de Havrincourt, o barão de Pieres, o duque de Trévise, dignitarios da côrte