Um dos jovens amigos do principe foi Luiz Conneau, filho de um medico muito estimado nas Tulherias. A amizade d'estas duas creanças passava ás vezes, como era natural, por pequenas tempestades, amúos infantis, que terminavam sempre por um abraço de reconciliação. N'um dia de banquete official nas Tulherias, a que o principe, em razão da sua idade, não devia assistir, foi-lhe permittido jantar, nos seus aposentos, com Luiz Conneau. O principe, sabendo que o seu amigo apreciava gulosamente um gelado de morango, pedira que lh'o servissem.
O dia, que era de feriado para ambos, havia corrido na melhor intimidade d'este mundo, mas, de repente, uma pequenina dissidencia explodira entre os dois amigos. Luiz Conneau amuou-se, e não houve forças humanas que o podessem deter nas Tulherias. O principe ficou muito sentido com a partida brusca do seu amigo, mas, quando ao jantar lhe serviram o gelado de morango, encheram-se-lhe os olhos de lagrimas, e ordenou ao criado que o servia:
—Leva d'este gelado ao Conneau, e dize-lhe da minha parte que elle foi um ingrato em deixar-me.
Toda a educação do principe Luiz obedecia ao desejo de continuar n'elle a gloria militar do primeiro Napoleão, porque o imperio reconhecia que, em face dos seus inimigos, precisava retemperar-se com a tradição historica.
Aos oito annos, o principe Luiz montava já a cavallo, e quando sobre um bonito poney Bouton d'Or