por perder a coragem e acabou por perder a razão.


V
A imperatriz Carlota

A historia do imperador Maximiliano e da imperatriz Carlota parece moldada sobre a tradição biblica de Adão e Eva no paraizo terreal.

Todas as delicias da creação se accumulavam no éden n'aquella primitiva profusão de luz, de aromas, de flôres, de musicas, que, exuberantemente creadas, irrompiam ainda em tumulto desordenado, á espera da lei reguladora da existencia terrena. Todas as maravilhas paradisiacas, pujantes de vida, deviam ser eternas e imperturbaveis, e Adão e Eva, dominando, n'uma felicidade virginal, a esphera crystallina onde o sol ensaiava timidamente o primeiro vôo das suas azas de ouro, deviam viver eternamente n'uma felicidade casta e perenne. Mas a tentação viera, perfida serpente, espiralar-se na arvore do bem e do mal, enroscando-se no tronco, colleando para a fronde d'onde pendia o pomo prohibido, prematuramente sazonado pela intensidade do sol e pela força creadora da terra. Então o par ditoso, cuja felicidade devia ser absoluta e immutavel, attrahido pela cupidez da serpente tentadora, disputou-lhe o pomo, colheu-o, provou-o, e, julgando ter vencido a serpente, viu-se de subito vencido por ella. Desde essa hora foi marcado um limite terrivel á felicidade humana, a existencia tornou-