que fallavam o francez com difficuldade. Ao passo que os soberanos conferenciavam largamente e sem testemunhas, esforçavamo-nos por entreter estas duas estrangeiras, que pareciam muito perturbadas. Eu consegui trocar algumas phrases com uma d'ellas, e, para matar o tempo, offerecemos-lhes alguns refrescos.
«A dama mexicana pediu-me que mandasse uma laranjada á imperatriz Carlota, que, segundo me disse, costumava, áquella hora, tomar esse refresco. Dei immediatamente ordem na ucharia para que servissem a laranjada. A imperatriz Eugenia, contrariada com a entrada do criado, perguntou quem lhe tinha dado a ordem. Respondeu que fôra eu, e foi a propria imperatriz Eugenia que serviu a laranjada á imperatriz Carlota, tendo que insistir para que a tomasse, porque a imperatriz do Mexico parecia hesitar.»
Duas horas durou essa entrevista dos tres personagens. Não valeram razões, supplicas, rogos. O imperador Napoleão fôra de pedra, elle, o inventor do imperio do Mexico, elle, a serpente que tentára Maximiliano!
Carlota sahiu de Saint-Cloud pedindo á imperatriz que ao menos interpozesse o seu valimento para demover Maximiliano a sahir do Mexico.
Foi chorando copiosamente que a imperatriz Carlota deixára Saint-Cloud. Pobre coração de mulher, que uma dôr incomportavel dilacerava! Entrára em Saint-Cloud uma imperatriz; sahira uma louca.