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HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES


«Arrebatado de impulsos amorosos (Bernardino ou Bernardim Ribeyro) passava muitas noites entre a espessura e solidão dos bosques, explicando junto á corrente das aguas, com suspiros e lagrimas, a vehemencia de paixão tão violenta que o obrigou a emprehender impossiveis dedicando os seus affectos á infanta D. Beatriz, filha do serenissimo rei D. Manuel, como elegantemente o contou Manuel de Faria e Sousa...»

Costa e Silva, no Ensaio Biographico-critico, reproduziu a lenda d'esses suppostos amores do poeta, desventurosos por desiguaes. Conta-nos o seu desespero quando o rei de Portugal concedeu a mão da infanta ao duque de Saboya; o seu ermar solitario pela serra de Cintra, bradando ás penhas e entalhando no tronco das arvores o nome de Beatriz; finalmente, a partida do trovador para Saboya, sob o disfarce de peregrino, e o seu furtivo encontro em Saboya com D. Beatriz:

«Chegando alli depois dos trabalhos e perigos de tão longa jornada, indagou qual era a igreja onde a duqueza costumava ouvir missa, e esperando-a na porta, lhe pediu esmola quando passou. A duqueza, que logo o conheceu, apesar da differença do traje e do transtorno que as maguas e saudades haviam feito em suas feições, parou, e, dando-lhe esmola, lhe disse baixo em portuguez:

—Já lá vai o tempo dos antigos galanteios.»