HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES
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ricos é que ella o esqueceu em Saboya, se algum dia o amou ou se soube que foi amada por elle.

Não é natural que D. Beatriz, tão magoada como o codice publicado por Herculano nol-a pinta, se absorvesse tão profundamente, e tão estranha ao seu proprio passado, nos deveres de esposa e princeza, como realmente acontecêra em Saboya, e como vamos mostrar.

É verdade que a lenda romantica conta que a duqueza de Saboya, reconhecendo o poeta no disfarce de mendigo á porta de um templo, lhe disséra, dando-lhe esmola:—«Já lá vai o tempo dos antigos galanteios.»

Mas tão empenhada a vamos encontrar nos negocios politicos e domesticos da côrte de Saboya, tão despreoccupada de recordações amorosas, tão adaptada moralmente ao meio em que se encontrava, que estamos convencido de que, se Bernardim Ribeiro a amou, não foi correspondido ou só ephemeramente o foi, o que não seria natural n'uma princeza educada nos serões galantes do Paço da Ribeira, sabendo-se amada por um poeta, e vivendo sacrificada na companhia de um marido, que não era poeta, e cujo desgracioso feitio as chronicas memoram.

Se, como quer o snr. Theophilo Braga, a Aonia da Menina e Moça é D. Joanna de Vilhena, primeira condessa de Vimioso, a Condessa Santa, completo foi o seu esquecimento do amor que inspirára ao poeta.