pela revelação do segredo dos seus amores com um cavalleiro portuguez, como Herculano deprehende do codice por elle publicado no Panorama, não haveria decerto manifestado pela morte da duqueza um tão profundo sentimento como aquelle que se traduz pelo facto de haver mandado cunhar não apenas uma só medalha commemorativa—mas duas.
A effigie de D. Beatriz, gravada na segunda medalha, é claro que nada póde aproveitar para tirarmos a limpo a côr dos seus olhos. Mas a este respeito basta o testemunho fidedigno, a que já nos referimos, do snr. Miguel Martins Dantas. Em todo caso, a medalha é muito interessante, pois que reproduz, e devemos suppôr que com fidelidade official, as feições da infanta portugueza e a sua toilette.
A medalha representa-a com um toucado de pedras preciosas, que lhe circumdam os cabellos apartados ao meio e cahidos em madeixas sobre os hombros. Vestido de decote escanteado. Um pequeno cabeção de recortes com tres voltas de pedraria. Collar pendente. A meio do peito uma cruz suspensa da orla do decote.
As feições do retrato enviado pelo snr. Dantas ajustam-se inteiramente ás da effigie que a medalha representa: Nariz comprido, bocca pequena e grossa, testa alta, sobrancelhas pouco espessas e arqueadas, pescoço alto e bem lançado, estatura erecta, porte gentil.