Passou-me então um códice fortemente encadernado em couro.
Era o livro que tinha ao lado. Pude ler o título: História da Universidade de Batávia com a biografia dos seus mais distintos alunos, por Degni-Hatdy — 1878.
— Quem é este Degni-Hatdy? perguntei.
— Foi um gênio, meu caro. Um gênio de escola... Recebeu medalhas, diplomas, prêmios... Vive ainda, mas ninguém o conhece mais.
— É de interesse, a memória?
— É, e bastante, pois traz a lista dos alunos ilustres da universidade.
— Quais foram?
— Newton, Huyghens, Descartes, Kant, Pasteur, Claude Bernard, Darwin, Lagrange.
— Chega.
— Ainda: Dante e Aristóteles.
— Uff!
— Gente de primeira, como vês; e, quando soube, tive orgulho de ter sido de alguma forma colega deles; mas...
Por aí acendeu um cigarro, tirou duas longas fumaças com a languidez javanesa e continuou com a pachorra batava:
— Mas, como te dizia, bem cedo tive vergonha de ter um dia passado pela minha mente que eu era capaz de emparelhar-me com tais gênios. E verdade que não sabia terem eles frequentado a universidade... Vou esconder-me em qualquer buraco, para me resgatar de tamanha pretensão.
Saí. Ainda o vi durante alguns dias; mas, bem depressa, desapareceu dos meus olhos. Pobre rapaz! Onde estará?