inconcussa, partindo de onde parte, néscios como somos, temos o dever de tomá-la como tal.
“Diz o professor americano que há os exemplares de uma coloração negra, intensamente negra, tendo na parte superior um canudo também negro, lustroso, como uma espécie de rabo de ave — são os machos; e os outros claros, róseos, cabeludos, seminus, cheios de pedrarias — são as fêmeas.
“Nessas diferenças, todas superficiais, que o extraordinário professor julga traduzirem sexos, no choque delas, no seu atrito é que reside a agitação, a fermentação daquele principado vegetal dos Agaricus auditae.
“Tocando isto à sociologia das ‘orelhas-de-burro’, em que não sou versado, não me animo a discutir a questão e adio o debate para mais tarde...”
— Que é José?
— Esta carta da casa do doutor Monteiro.
O criado retirou-se e o sábio, apud Kramer, abriu o bilhete e leu:
“Meu querido:
Já não apareces, não te vejo mais. Deixa essa história de ‘memória’. Papai é maníaco, isto não é preciso. É melhor que arranjes um soneto, uns versos, enfim, que talvez façam o mesmo efeito; e, se quiseres, mandá-los-ei fazer por um poeta discreto que anda na precisão de dez mil-réis. Queres? Que tal? Responde.
Nenê.”
O sábio Alexandre, luzeiro da ciência brasileira, respondeu:
“Nenê.
Tem fé em mim e na Ciência.
Alexandre.”
Em seguida, o original cientista Ventura considerou de si para si:
— Bem, por hoje, basta. Amanhã irei determinar a origem e, no sábado, lerei a memória ao desem