— Mas que paciencia a sua para ajuntar tudo isto! disse elle.

— Não fui eu que ajuntei, replicou o Reginaldo; a collecção pertencia ao espolio de um sujeito de Philadelphia. Custou-me uma bagatella:— cinco mil dollars.

Na verdade, valia mais. Falcão sahiu d'alli com a collecção na alma; fallou d'ella á sobrinha, e, imaginariamente, desarrumou e tornou a arrumar as moedas, como um amante desgrenha a amante para toucal-a outra vez. De noite sonhou que era um florim, que um jogador o deitava á mesa do _lansquenet_, e que elle trazia comsigo para a algibeira do jogador mais de duzentos florins. De manhã, para consolar-se, foi contemplar as proprias moedas que tinha na burra; mas não se consolou nada. O melhor dos bens é o que se não possue.

D'alli a dias, estando em casa, na sala, pareceu-lhe ver uma moeda no chão. Inclinou-se a apanhal-a; não era moeda, era uma simples carta. Abriu a carta distrahidamente e leu-a espantado: era de Reginaldo a Virginia...

— Basta! interrompe-me o leitor; adivinho o resto. Virginia casou com o Reginaldo, as moedas passaram ás mãos do Falcão, e eram falsas...