MANUSCRITO DE UM SACHRISTÃO


I

........... Ao dar com o padre Theophilo fallando a uma senhora, ambos sentadinhos no banco da egreja, e a egreja deserta, confesso que fiquei espantado. Note-se que conversavam em voz tão baixa e discreta, que eu, por mais que afiasse o ouvido e me demorasse a apagar as velas do altar, não podia apanhar nada, nada, nada. Não tive remedio senão adivinhar alguma cousa. Que eu sou um sacristão philosopho. Ninguem me julgue pela sobrepeliz rota e amarrotada nem pelo uso clandestino das galhetas. Sou um philosopho sacristão. Tive estudos ecclesiasticos, que interrompi por causa de uma doença e que inteiramente deixei por outro motivo, uma paixão violenta, que me trouxe á miseria. Como o seminario deixa sempre um certo vinco, fiz-