Uma noite, foram em tal quantidade os vagalumes, que as estrellas, de medrosas, refugiaram-se nas alcovas, e elles tomaram conta de uma parte do espaço, onde se fixaram para sempre com o nome de via-lactea.

Deu logar, a essa enorme ascenção de pensamentos o facto de quererem as quatro academias de Sião resolver este singular problema:--porque é que ha homens femininos e mulheres masculas? E o que as induziu a isso foi a indole do joven rei. Kalaphangko era virtualmente uma dama. Tudo n'elle respirava a mais esquisita feminidade: tinha os olhos doces, a voz argentina, attitudes molles e obedientes e um cordial horror ás armas. Os guerreiros siamezes gemiam, mas a nação vivia alegre, tudo eram dansas, comedias e cantigas, á maneira do rei que não cuidava de outra cousa. D'ahi a illusão das estrellas.

Vai senão quando, uma das academias achou esta solução ao problema:

--Umas almas são masculinas, outras femininas. A anomalia que se observa é uma questão de corpos errados.

--Nego, bradaram as outras tres; a alma é neutra; nada tem com o contraste exterior.