hombros, e duas mãos presas. Mestre Romão sorriu com tristeza.
--Aquelles chegam, disse elle, eu saio. Comporei ao menos este canto que elles poderão tocar...
Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e chegou ao _la_...
--_Lá, lá, lá..._
Nada, não passava adeante. E comtudo, elle sabia musica como gente.
--_Lá, dó... lá, mi... lá, si, dó, ré... ré... ré..._
Impossivel! nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original, mas emfim alguma cousa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao principio, repetia as notas, buscava rehaver um retalho da sensação estincta, lembrava-se da mulher, dos primeiros tempos. Para completar a illusão, deitava os olhos pela janella para o lado dos casadinhos. Estes continuavam alli, com as mãos presas e os braços passados nos hombros um do outro; a differença é que se miravam agora, em vez de olhar para baixo. Mestre Romão, offegante da molestia e de impaciencia, tornava ao cravo; mas a vista do casal não lhe supprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam.
--_Lá... lá... lá..._