lhe segredo, dizendo que elle, pela sua parte, era discreto. Parece que ia sahir; Andrade deteve-o, e propôz-lhe um negocio; propôz-lhe ganhar vinte mil réis.—«Prompto!»—«Dou-lhe vinte mil réis, se você for commigo á casa d'essa moça e disser em presença d'ella que é ella mesma.»

—Oh!

—Não defendo o Andrade; a cousa não era bonita; mas a paixão, n'esse caso, céga os melhores homens. Andrade era digno, generoso, sincero; mas o golpe fora tão profundo, e elle amava-a tanto, que não recuou diante de uma tal vingança.

—O outro aceitou?

—Hesitou um pouco, estou que por medo, não por dignidade; mas vinte mil réis... Poz uma condição: não mettel-o em barulhos... Marocas estava na sala, quando o Andrade entrou. Caminhou para a porta, na intenção de o abraçar; mas o Andrade advertiu-a, com o gesto, que trazia alguem. Depois, fitando-a muito, fez entrar o Leandro; Marocas empallideceu.—«É esta senhora?» perguntou elle.—«Sim, senhor», murmurou o Leandro com voz sumida, porque ha acções ainda mais ignobeis do que o proprio homem que as commette. Andrade abriu a carteira com grande afectação, tirou uma