OLHOS DE SANTA


A Antonia Araújo.



Cheios de treva e luz, teus olhos têm a côr
Das noites sem luar, ó meu divino amor!
E eu amo tanto a sombra e o brilho doce e puro
Dos grandes olhos teus, ó luz de meu futuro,
Como adora minh’alma os rutilos clarões
Do bando virginal de suas illusões.

Olha-me sempre e sempre... Em teu olhar formoso,
Minha noite e meu sol, ó Cherubim piedoso!
Eu quero ver atôa, eu quero ver boiar,
—Como se fosse um lago o teu formoso olhar —
Todo um mundo sem fim de sonhos e chimeras:
Lirios desabrochando ao sol da Primavera!