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HORTO

O seio branco da aurora
Derrama orvalhos á flux...
O cirio que brilha, chora:
A dôr também fere a luz?

Teus olhos cheios de ardores
Aninham rosas nas faces...
Que seria dessas flores
Responde, se não chorasses?

Sou moça e bem sabes que
A moça não tem martyrios;
Se chora sempre é porque
Pretende imitar os lirios.

Emquanto eu viver no mundo,
Meus olhos hão de chorar...
Ah! como é doce o profundo
Soluço eterno do Mar!

Do labio o consolo santo
E’ o riso que vem cantando...
O riso do olhar é o pranto:
Meus olhos riem chorando.

Jardim — 8 — 1897.