Os olhos negros eram dois círios
Que se extinguiram no pé do altar...
Aqueles olhos, meus dois martírios,
Quem contemplava sem soluçar!
Ó pobre Zirma, nívea açucena,
Camélia branca murchada na haste:
Por que fugiste da vida amena?
Por que tão cedo me abandonaste?
Eu precisava de teu carinho
Como de orvalho precisa a flor,
E embalde busco no meu caminho
O amparo doce de teu amor.
Anjo da guarda, formoso e santo,
Que me escondias nas tuas asas,
Quem é que agora me enxuga o pranto,
Cilício eterno na face em brasas!
Sem estes olhos que a morte cerra,
Sem o consolo de teu sorriso,
Como é que posso viver na terra,
Ó minha santa do Paraíso!
Nova Cruz - 1897