ADEUS, GENTIL!


A Olindina Medeiros.



Que manhã feia e escura aquella em que partiste!
Recordas te, Gentil? O Céo estava triste,
Sem um raio de sol, nevoento, sombrio,
Bem como um coração amargurado e frio...

Um sorriso divino inundava-te o rosto
De innocencia e de luz... e eu sentia o Desgosto
Ferir-me o seio, emquanto, a beijar-te, chorando
Meu labio estremecia um adeus murmurando.

Ah! dentro de minh’alma, assim como n′um mar,
O batel da Saudade, a boiar, a boiar,
Parecia attrahir-me á ventura e á Alegria
Para o abysmo cruel onde mora a Agonia.

Pequenino como és, não sabes comprehender
A magua que allucina e que faz padecer
Ao pobre coração pela angustia ferido
Ao ver sumir-se longe um rosto estremecido.