A CARICATURA NO BRASIL

ANGELO AGOSTINI


Anda para cinco mezes que abrir um jornal vale tanto como estripar um porco de ceva, tal o bafio de sangue escapo dos telegrammas, das chronicas e até desse tanque de lavar roupa que é a secção livre.

Isso, afinal, engulha. E convida a passeios por veredas afastadas do matadoiro, onde os pés não chapinhem em poças de sangue nem se repastem os olhos na rez humana carneada a estilhaços de obuz.

Diga-se, como aqui, da caricatura, maldade velha que nasceu quando o animal que ri farejou no repuxo dos musculos faciaes os elementos duma nova arte de matar ás claras — matar moralmente, já se vê. E que nasceu na Grecia, para vehiculo d'um alcaloide quint'essenciado de engenhosas perversidades, a «eironeia», do qual foi Socrates manipulador emerito quando emprehendeu confundir a turba empavonada dos sophistas.