—Pois bem; desde esse tempo estamos a viajar como se fosse penitencia de confissão. E não é só isso, não, senhor. Todos os dias ando pelo menos nove léguas correndo aqui e acolá, dando voltas, caindo, atrás dos bichos voadores...

— Juque! tentou atalhar Meyer, olhe...

—Pois é o que lhe digo, prosseguiu José Pinho. Tenho hoje uma raiva daquelas porcarias todas... Nem sei por que, Nosso Senhor Jesus Cristo foi criar esta súcia de criaturas sem préstimo... Enfim, Ele é quem sabe... Quanto a mim, se pudesse, atacava fogo em todas as lagartas, porque da lagarta é que nascem esses anicetos, que estão enchendo mundos... Mas, veja, Sr. doutor, lá na terra deste homem,- (coitado, é bem bonzinho e me estima muito) ! - valem esses bichos mais do que ouro em pó... Também, se o Mochu não gostasse de mim, haverá de ser muito ingrato... Outro como eu não encontra mais, não, senhor... Tenha a santa paciência .. não, senhor, isto é o que lhe posso afiançar.

No meio desse fluxo de palavras, Meyer fora em pessoa procurar na canastra o pente e o sabão.

Mostrando os objetos ao falador, ordenou com energia:

—Cale a boca, Juque, cale a boca, tagarela! Vá buscar água já; senão... não levo você ao mato hoje.

Levantou-se de pronto José Pinho e meio a resmungar saiu, tomando uma das canastras.

—Esse camarada, disse Meyer depois de algum silêncio e para explicar o seu