a com doce violência, quando mostrava querer afastar-se.

Era o ardente colóquio dos dois cortado de freqüentes pausas, durante as quais se embebiam recíprocos os olhares carregados de paixão.

—Deixa-me ver bem o teu rosto, dizia Cirino a Inocência Para mim, é muito mais belo que a Lua e tem mais brilho que o Sol.

E, apesar de alguma resistência, fraca embora, mas conscienciosa, que lhe foi oposta, conseguiu que a formosa rapariga se recostasse ao peitoril da janela.

—Amar, observou ela, deve ser coisa bem feia.

—Por quê?

—Porque estou aqui e sinto tanto fogo no rosto!... Cá dentro me diz um palpite que é pecado mortal que faço...

—Você tão pura! contestou Cirino.

— Se alguém viesse agora e nos visse, eu morria de vergonha. Sr. Cirino, deixe-me ... vá-se embora! ... o Sr. me atirou algum quebranto... aquela sua mezinha tinha alguma erva para mim tomar... e me virar o juízo...

— Não, atalhou o mancebo com força, eu lhe juro! Pela alma de rainha mãe... o remédio não tinha nada!

—Então por que fiquei... ansim, que me não conheço mais?... Se papai aparecesse... não tinha o direito de me matar?...

Foi-se-lhe a voz tornando cada vez mais baixa e sumiu-se num golfão de lágrimas.

Atirou-se Cirino de joelhos diante dela.

—Inocência,