ar grave e meio ofendido.

—Escute, Cirino, observou ela, nestes dias tenho aprendido muita coisa. Andava neste mundo e dele não conhecia maldade alguma... A paixão que tenho por mecê foi como uma luz que faiscou cá dentro de mim. Agora começo a enxergar melhor... Ninguém me disse nada; mas parece que a minha alma acordou para me avisar do que é bom e do que é mau... Sei que devo de ter medo de mecê porque pode botar-me a perder... Não formo juízo como, mas á minha honra e a de toda a minha família estão nas suas mãos...

_Inocência quis interromper Cirino.

—Deixe-me falar, deixe contar-lhe o que me enche o peito... Depois ficarei sossegada... Sou filha dos sertões; nunca morei em povoados, nunca li em livros, nem tive quem me ensinasse coisa alguma... Se eu o magoar, desculpe, será sem querer... Lembra-me que, há já um tempão, pararam aqui umas mulheres com uns homens e eu perguntei a papal por que é que ele não as mandava entrar cá para dentro, como é de costume com famílias... O pai me respondeu: -Não, Nocência,, são mulheres perdidas, de vida alegre. Fiquei muito assombrada.-Mas, então, melhor, se são alegres hão de divertir-me.-Aquilo é gente airada, sem-vergonha, secundou ele. -Tive tanto dó delas que mecê não imagina. Depois fui espiar.. caíam tontas no chão... pitavam e cantavam muito alto com modos tão feios, que me fizeram corar por elas! E são os homens