—Burro do diabo! berrava ele. Mil raios te partam, bicho danado! Arrebenta de uma vez!... Vá para os infernos! Entrega a carcaça aos urubus!

Durante uns bons minutos, o cavaleiro, que fizera parar o seu animal, esperou pacientemente qualquer resultado: ou que a renitente azêmola se desse afinal por convencida e avançasse, ou então estourasse.

—Juque, disse ele de repente com acento fortemente gutural e que denunciava a origem teutônica, se porretada chove assim no seu lombo, você gosta?

O homem a quem haviam dado o nome de Juca, voltou-se com arrebatamento:

—Ora, Mochu, isto é um perverso sem-vergonha, que deve morrer debaixo do pau. Esta vida não me serve!...

—Mas, Juque, replicou o alemão com inalterável calma, quem sabe se a cangalha não esta ferindo a pobre criatura?

—Qual! bradou o camarada, isto é manha só. Conheço este safado, este infame, este...

E, levantando o varapau, descarregou tal paulada no traseiro do animal que lhe fez soltar surdo gemido de dor.

—Juque, observou o patrão em tom pausado, quem sabe se na frente há pau caído ou pedra, que não deixe ele ir para diante?

—Pedra, Mochu, e pau na cabeça até rachá-la, é que precisa este ladrão...

—Vê, Juque, insistiu o alemão.

—Ora, Mochu...

—Vê, sempre...

Saiu resmungando o