Parece que teve um pressentimento de morte precoce: sabido do claustro, publicou o bebo livro das inspirações, e logo que o entregou ao mundo, como para deixar-lhe a dor e a saudade, fechou os olhos, e desceu à sepultura!

Não é novo este acontecimento na historia literária: Chat­terton morreu antes de 18 anos de idade, Gilbert chegou apenas aos 29.

Como Chatterton e Gilbert, sentia o poeta Junqueira Freire intensa necessidade de olhar para o céu e para a eternidade; no meio de suas dores do claustro, como aqueles seus irmãos, no meio das angustias da fome, apelava o vate para Deus, e no seio imenso do Criador do mundo encontrava abrigo e consolações:

Porque se me extasia a mente às vezes,
E vaga, e vaga, alígera e perdida
Pelas soidões do Armamento etéreo,
Bem como o serafim, que esguarda os mundos,
Livre os celestes paramos percorre?
Porque penetra, às vezes arrojada,
Nos mistérios recônditos do eterno,
E toda entorna-se a seus pés, - bem como
O alabastro de nardo aos pés do Cristo?
Porque se abraça em incorpóreo amplexo
Co'os angélicos seres de além-astros,
E, como as chaves das eternas portas,
Abre os tesouros do poder do Altíssimo,
E neles bebe inexauríveis gozos?

Extasia-se assim Junqueira Freire, o poeta que a Bahia e o Brasil acabam de perder, quando à mente lhe fulgu­rava a imagem solene da imensidade; sonhava, delirava, adivinhava, como sonham, deliram e adivinham os grandes gênios que nascem feitos e não se formam no mundo.

Poeta, que vida fora a tua? tu o dizes quando pintas as dores do claustro. Ali se quebrou a tua juventude como o aço ao roçar da pedra; perderam-se os teus gemidos pelos