deplorar-se o passamento prematuro de uma existência tão cheia de futuro, de um engenho tão ricamente mimoseado pela Providencia divina. Como era jovem não podia escapar à sorte humana e aos defeitos da mocidade; há nos seus cânticos alguma exageração de sentimentos, alguma extravagância de idéias: é defeito da idade. É também influxo da escola de Lord Byron, cuja leitura se tem espalhado por todo o mundo, e produz nos cérebros juvenis tendências desordenadas, que só a idade, e a razão amadurecida sabem evitar.

O talento e o gênio poético nascem espontaneamente, re­cebem porém da educação, do tempo, do estudo, e do mundo, o aperfeiçoamento necessário que lhe troca as vestes brilhantes e sedutoras do fogo ardente pelos vôos acertados e sublimes do entusiasmo refletido.

Tem canções que revelam qualidades de Juvenal: a can­tata a Frei Bastos, que parece que ajuntava os dotes da poesia e oratória a vícios imundos que lhe estragavam o corpo e dessecavam-lhe o espírito, é interessantíssima, alem de pitoresca: denuncia a força do poeta, e a elevação do espírito que o animava.

Não foi infelizmente Junqueira Freire o único poeta dos nossos dias e da nossa terra que a morte ceifou na juven­tude, roubando à literatura brasileira escritos, que prometia gloriosos o gênio das florestas americanas. Dutra e Mello, Álvares de Azevedo, Francisco Bernardino, Pinheiro Guimarães, e Casimiro dAbreu já também desceram ao sepulcro, legando poesias inacabadas, que provam todavia que sobre este solo não espargiu somente o Criador da na­tureza favores divinos para o bem estar, crescimento, e ri­queza do povo, que o habita. Pretendeu também, em sua infinita bondade, que o espírito se elevasse, e a imaginação dos homens subisse à compreensão dos seus mistérios, podendo satisfazer as precisões morais da sociedade, que se necessita de marchar fisicamente, não consegue fortalecer-se, e