Nos degraus dos altares ao longo
Te prostraste co'a face no chão.
E juraste ao Eterno ante os homens
Que meu filho não eras mais não.
 
Blasfemei nesse instante do Cristo
Nos assomos do meu frenesim.
— Os amores de pai não são nada,
Os extremos de mãe são assim!
 
Blasfemei desse Deus que arrancava
De meus braços meu filho querido:
Que despia-lhe os trajos de seda,
Para dar-lhe um funéreo vestido.
 
Blasfemei desse Deus que lhe impunha
Férreos votos, eternos, sem fim:
Que seus filhos por vítimas conta:
Que quer tantos martírios assim!
 
É mentira. Essa lei violenta
Não foi feita por Nosso Senhor.
Nosso Deus não nos prende com ferros,
Mas com laços de dócil amor.
 
Não inveja da mãe os prazeres,
Como rosas ornando o festim.
Não lhe dá inocentes filhinhos,
Para em vida arrancar-lhos assim.