o supremo tribunal da monarchia, a curia ou desembargo d’elrei.

A numerosa cavalgada atravessou o terreiro por entre o povo apinhado, e em todos os rostos transluzia o receio ácerca de qual seria o desfecho deste drama terrivel e immenso, em que entravam representantes de todas as classes sociaes.

Entre os membros daquella lustrosa companhia distinguia-se por seu porte altivo o conde de Barcellos, D. João Affonso Tello, tio de D. Leonor, a quem nos diplomas dessa epocha se dá por excellencia o nome de fiel conselheiro. Quando os amores d’elrei com sua sobrinha começaram, elle fizera, sincera ou simuladamente, grandes diligencias para desviar o monarcha de levar ávante seus intentos. D. Fernando persistíra, todavia, nelles, e então o conde, junctamente com a infanta D. Beatriz [1] e com D. Maria Telles, irman de D. Leonor, suscitára a idéa de a divorciar de João Lourenço da Cunha. O povo sabia isto, e posto que houvesse estendido a sua má vontade a todos os parentes de Leonor Telles, odiava principalmente o conde como protector daquelles adulteros amores. Foi, portanto, nelle que se cravaram

  1. D. Beatriz era irman dos infantes D. João e D. Diniz e meia irman d’elrei.