“Assim o queremos! assim o queremos!”—bradou a turbamulta.
O alfaiate voltou-se então para os cortezãos, conselheiros e letrados do desembargo d’elrei, e disse:
“Senhores, a mim deram carrego estas gentes que aqui estão junctas, de dizer algumas cousas a elrei nosso senhor, que entendem por sua honra e serviço; e porque é direito escripto, que sendo as partes principaes presentes, o officio de procurador deve de cessar no que ellas bem souberem dizer, vós outros que sois principaes partes neste feito, e a que isto mais tange que a nós, devieis dizer isto, e eu não; porém, não embargando que assim seja, eu direi aquillo de que me deram carrego, pois vós outros em ello não quereis pôr mão, mostrando que vos doeis pouco da honra e serviço d’elrei....” [1]
“Cal-te, villão!—bradou, erguendo-se, o conde de Barcellos com voz affogada de cólera, que já não podia conter—se não queres que seja eu quem te faça resfolgar sangue, em vez de injurias, por essa bôca sandia.”
O velho Pacheco pôz-se tambem em pé, exclamando: “
- ↑ Textual.—Veja-se Fernão Lopes, Chr. de D. Fernando, cap. 61.