D. Leonor, tambem em pé por detraz d’elrei, olhava attentamente para as paginas do livro. O que abrira a porta era o thesoureiro-mór D. Judas, grande affeiçoado de D. Leonor e valido d’elrei. O judeu apenas voltára a ponderosa chave, sem volver sequer os olhos para o recem-chegado, tornára immediatamente para ao pé da arca a que elrei estava encostado, e proseguíra a vehemente conversação, cujos ultimos ecchos Fr. Roy ouvíra ao aproximar-se...
“Mil dobras pé-terra e trezentas barbudas são todo o dinheiro que o vosso fiel thesoureiro vos póde apurar neste momento, respigando como a pobre Ruth no campo do vosso thesouro, ceifado, e bem ceifado (aqui o judeu suspirou) por aquelles que talvez menos leaes vos sejam. Jurar-vos-hei sobre a toura, se o quereis, que não fica em meu poder uma pogeia.”
Elrei não o escutava. Apenas Fr. Roy entrára, D. Leonor se havia encaminhado para o ichacorvos, e, lançando-lhe um olhar escrutador, lhe perguntára com visível anciedade:
“Beguino, a que voltaste aqui?”
“A cumprir com minha obrigação, apesar de vós me terdes dado hontem por quite e livre. Vim a dizer-vos que a estas horas talvez tenha