batalha. Aqui só tens a mula de teu corpo [1] para seguires jornada.”

“Mas o conde de Barcellos! O meu leal conselheiro, deixa-lo-hei despedaçar pelos peões desta cidade abominavel? Lembra-te de que é teu tio; que foi o teu protector, quando o braço de D. Fernando ainda se não erguêra para te coroar rainha.”

“Rei de Portugal, és tu que deves lembrar-te delle, quando o dia da vingança chegar. Então cumprirá que os traidores e vis te vejam montado no teu ginete de guerra. Hoje não podes senão deixar entregue á sua sorte o nobre D. João Affonso e os senhores que são com elle; mas não te esqueça que se o seu sangue correr, todo o sangue que derramares para o vingar será pouco, como serão poucas todas as lagrymas que eu verterei sem consolação sobre os seus veneraveis restos. Combateres? Ajudado por quem, n’uma cidade revolta? Os homens d’armas do teu castello quebraram seu preito, e tumultuam na praça: muitos de teus ricos homens estão conjurados

  1. Os cavalleiros quando se punham a caminho costumavam cavalgar em mulas, como animaes mais rijos e possantes que os cavallos; nestes montava um pagem ou donzel. Veja-se principalmente a lei de D. Afonso III sobre os que vão a cas de elrei.