e eu devo ser ouvido por elles. Mandae-lhes que façam silencio.”
Fernão Vasques obedeceu: o ruído dos populares, que não descontinuára durante esta scena, acalmou a um aceno do alfaiate.
Diogo Lopes fez então um largo discurso, com o qual não cansaremos os leitores, que pouco mais ou menos terão previsto como seria. Misturando amargas reprehensões contra D. Fernando com lisonjas aos populares, procurou persuadi-los, posto que indirectamente, de que toda a fidalguia estava cheia de indignação. Alludiu á resistencia por armas que elrei podia encontrar entre os ricos-homens de Portugal contra o seu casamento, e no caso de vir este a cabo, a probabilidade de ser annullado pelas censuras da igreja. Emfim, sem nunca lhes dizer claramente que insistissem na revolta, e tractassem, se fosse preciso, de defender a cidade contra o poder real, suscitou todas as idéas que podiam levar os populares a este excesso. Faltava o ponto difficultoso; o da partida dos fidalgos. Pacheco soube com a mesma ambiguidade dar esperanças aos peões de que elles se encaminhavam para suas alcaidarias e honras com o louvavel intento de se aperceberem em soccorro dos burguezes de Lisboa, e com tal arte o fez, que os senhores