ar eslava tepido e o céu limpo. Pelos campos e valles via-se verdejar a relva; a madresilva, e as rosas bravias, enredadas pelos vallados, embalsamavam a atmosphera. Mas estes eram os unicos signaes que nos arredores de Lisboa revelavam aquella estação suave no seu clima suavissimo. Tudo o mais contrastava horrivelmente com elles. Os extensos e bastos olivedos, que nessas eras a rodeavam, jaziam decepados em terra, como se por alli tivesse passado fouce gigante meneada por braço de ferro. Pelos outeirinhos, coroados pouco havia de vinhas frondosas, viam-se espalhadas as videiras cobertas de folhas resecadas antes de tempo, ou ennegrecidas pelo fogo, assimilhando-se a gandra coberta de urzes, que foi desbravada por fins d’outono. As vastas hortas, que se derramavam por Valverde, trilhadas pelos pés dos cavallos, estavam incultas e abandonadas. Mas sobre este mal assombrado e triste chão do painel, mais melancholica e afflictiva avultava ainda a figura principal, a cidade.
O populoso bairro chamado o arrabalde, onde d’antes era contínuo o ruído discorde de tracto immeriso, achava-se convertido em um montão de ruinas. Para o lado do sul e poente não se viam desde os antigos muros (cujo perimetro pouco mais cercava do que o castello e