da comitiva, parou: um cavalleiro de boa idade e gentil-homem, que caminhava a seu lado, parou tambem. A dama apontou para o engenho, disse algumas palavras ao cavalleiro, e depois desatou a rir.
Era ella a mui nobre e virtuosa minha D. Leonor: elle o mui excellente e esclarecido rei D. Fernando de Portugal.
D. Leonor Telles tinha razão para rir.
Durante o cêrco de Lisboa uma voz, verdadeira ou falsa, se espalhára de que vários moradores da cidade estavam preitejados com elrei de Castella para lhe abrirem uma das portas. Dava força a taes suspeitas o acharem-se no campo castelhano Diogo Lopes Pacheco e D. Diniz, que com elle se haviam ajunctado na sua entrada em Portugal, e as desconfianças recahiam naturalmente sobre aquelles que dous annos antes tinham seguido o partido contrario a D. Leonor, de que o infante e o velho privado de D. Affonso IV eram cabeças. Assim a popularidade dos parciaes de D. Diniz tinha diminuido consideravelmente, porque o povo, em vez de attribuir a sua ruina ás causas remotas, ás paixões insensatas de D. Leonor e á imprudencia d’elrei, só nas suggestòes de Diogo Lopes e do infante via agora a origem de todos os males presentes, e o odio que contra