minha obra! De hoje a quatro mezes podeis voltar aqui, senhor rei, e ou eu morrerei, ou a casa capitular da Batalha estará firme, como é firme a minha crença na immortalidade e na gloria.”
Elrei apertou então entre os braços o bom do cégo, que procurava ajoelhar a seus pés. Era a attracção de duas almas sublimes, que voavam uma para a outra. Por fim D. João I fez um signal ao pagem, que se aproximou:
“Alvaro Vaz, acompanhae este nobre cavalleiro a sua pousada. E vós, mestre mui sabedor, ide repousar: dentro de quinze dias vossos antigos officiaes terão voltado de Guimarães para cumprirem o que mandardes. Mui devoto padre prior,—continuou elrei, voltando-se para Fr. Lourenço—entendei que d’ora avante Affonso Domingues, cavalleiro de minha casa, torna a ser mestre das obras do mosteiro de Sancta Maria da Victoria, em quanto assim lhe aprouvér.”
O prior fez uma profunda reverencia.
A alegria tinha tolhido a voz do architecto: diante de toda a côrte elrei o havia desaffrontado, e já, sem desdouro, podia acceitar o encargo de que o tinham despojado. Com passos incertos, e seguro ao braço