firme, como se fôra de bronze. No terceiro dia á tarde elrei, que tinha passado o tempo em aparelhar-se para a guerra com actos de piedade, desceu á crasta acompanhado de Fr. Lourenço e de outros frades, e chegando á porta do capitulo viu Martim Vasques e Anna Margarida juncto á pedra fria de Affonso Domingues, e este pallido e com as palpebras cerradas encostado nos braços delles.
O mancebo e a velha choravam e soluçavam, sem dizerem palavra.
“Que temos de novo?—perguntou elrei, chegando á porta, e vendo aquelles dous estafermos.—Completam-se ora os tres dias do voto: ainda mestre Affonso teimará em estar aqui mais tempo?”
“Não senhor:—respondeu Martim Vasques, com palavras mal articuladas:—não estará aqui mais tempo; porque seu corpo é herança da terra; sua alma repousa com Deus.”
“Morto!?”—bradaram a uma voz elrei e Fr. Lourenço; e correram para o cadaver do architecto, olhando, todavia, primeiro para a abobada com um gesto de receio.
“Nada temaes, senhores:—disse Martim Vasques—As ultimas palavras do mestre foram estas: a abobada não cahiu ... a abobada não cahirá!”