“Vera cruz, salvage! vera cruz!—interrompeu o prior, visivelmente abrandado com o pranto, humildade, e declaração categorica do moço moleiro.
“Mas, como eu ía dizendo—proseguiu este—por’mor daquella diabrura das saccas meu pae não póde tragar a senhora Perpetua Rosa. Se lhe falasse em tal, fazia-me os ossos tão miudos como a picadura da mó. Se a Bernardina tivesse dote, ainda talvez elle consentisse... Mas sem isto; bem lhe sabe do genio. Se o padre prior podesse adivinhar o que me tenho ralado, havia de ter dó de mim. Não como, não durmo, ando doudo. Não basta a massada que gramei... Ahn! ahn! ahn!”
Chorava em berreiro, e o chôro não o deixava continuar. As lagrymas começaram tambem a bailar nos olhos do prior, que ficou por alguns momentos pensativo.
“Levanta-te, rapaz dos meus peccados:—disse elle por fim, puxando pelo braço do moleiro.—Vamos; confessa a verdade: estás arrependido do que fizeste?”
“Estou, sim senhor! Ahn! ahn!”
Nesta parte, apesar do chôro e soluços, parece-me que o saloio mentia.
“Promettes casar com Bernardina, se teu pae consentir?”