duas cadeias de bronze, que unem no correr dos tempos as gerações passadas ás presentes; e estes laços que se prolongam através das eras são a patria. A patria não é a terra; não é o bosque, o rio, o valle, a montanha, a arvore, a bonina; são-no os affectos que esses objectos nos recordam na historia da vida: é a oração ensinada a balbuciar por nossa mãe, a lingua em que pela primeira vez ella nos disse:—“meu filho!”—A patria é o crucifixo com que nosso pae se abraçou moribundo, e com que nós nos abraçaremos tambem antes de ir dormir o grande somno, ao pé do que nos gerou, no cemiterio da mesma aldeia em que elle e nós nascemos. A patria é o complexo de familias enlaçadas entre si pelas recordações, pelas crenças, e até pelo sangue. Tomae, de feito, as duas dellas que vos parecerem mais estranhas, collocadas nas provincias mais oppostas de um paiz: examinae as relações de parentesco de uma com outra familia, quaes as desta com uma terceira, e assim por diante. Dessa primeira, que tão estranha vos pareceu á ultima, achareis um fio, enredado sim, talvez inextricavel, mas sem solução de continuidade. Uma nação não é só metaphoricamente uma grande familia: é-o tambem no rigor da palavra.
A oração que consolou nossos avós nos consola