dizia o velho esfregando as mãos, como um botecudo esfrega dous páus de que quer tirar lume, e passeando com passos curtos e rapidos de um para outro lado.—“É isso! cem peças, sete centos e meio; quatrocentos pintos, dous centos menos oito; fazem nove centos e meio menos oito: duzentas cravellas de doze, meio cento menos dous: oito e dous dez: dez centos menos dez: oitenta de seis fazem duas moedas: duas moedas dez mil réis menos um cruzado: oito meios tostões quatro tostões: quatro tostões com ... justamente, dez centos. Ah sô Barnabé, quer setecentos? Heim? Com vinte moedas que já lá andam a juro, parece-me....! Quer ou não quer?”—“Homem, isso é muito pouco...”—“Pouco?! E doze moedas foro?”—“As terras dão bem para isso: só a Abrunhosa...”—“Pois se dão, homem, paga-me as vinte moedas. Ah, embatucas? Oh, oh, ih, ih, ih!..”
E Bartholomeu ria a bom rir daquelle dialogo que phantasiava travar como irmão. De repente, porém, as feições contrahidas pelo riso se lhe immobilisaram diante de uma idéa fatal. Barnabé podia dar com a lingua nos dentes ácerca do negocio, n’alguma noite em que fosse para a tenda do Agostinho jogar a bisca a vinho, segundo o seu costume, e sair um