o moleiro voltando-se para Perpetua Rosa.—­“É natural que fosse intrépece nesta alhada...”

“Pois vocecê nan quer que eu ria a arrebentar ouvindo-lhe essas lérias da compra da azenha? Calo-me eu, bem sei porque. Mas sempre lhe digo, que está paga e repaga. Meu dinheiro, teu dinheiro!... Entende-me, senhor Bertolameu! Minha filha não veio descalça...”

“Oh diabo de bruxa!—­exclamou o moleiro fóra de si.—­Dão-me inguinações de t’esganar! Olha a piolhosa, a estraga albardas, que me deu cabo de seis saccas, as melhores que eu tinha, por desmazelada...”

“Já lh’o disse, seu mirra-mofina, seu manita de carneiro assado, seu sovina-mór! Não me faça falar. Olhe que eu não tenho papas na lingua...”

“Um estupor tivesses tu nella, que te pozesse a bôca á banda, aldrabista de centopeia, basculho de chaminé, carraça do inferno! Falta agora que a senhora diga que a lesma da filha trouxe para o casal mundos e fundos!”

“Antão, como meche nessa borbulha,—­acudiu Perpetua Rosa, agarrando o moleiro por uma das largas abas da veneranda casaca, e sacudindo-o com força,—­é preciso que não faça da gente tola. Assim o quiz, assim o tenha. Saibam vocecês—­isto dizia-o voltando-se