emfim ajoelharam, persignaram-se, e a festa principiou.
Não a descreverei eu. Quem não sabe o que é uma festividade de orago, e o que é a missa solemne celebrada n’um templo catholico? Ha ahi alguem, crente ou não-crente na fé que seus paes lhe ensinaram, que não tenha bem vivos na memoria esses dias festivos da sua meninice; esse culto, que sabe elevar o espirito para o céu com as pompas de espectaculo sensual, que parece deveriam faze-lo descer para a terra? Quem se não lembra daquelles bons dias sanctos dos doze annos, em que o sol era mais formoso que nos dias de trabalho, sem exceptuar a folgada quinta-feira do sueto escholastico? Quem se não lembra da epocha, em que o nosso parocho era para nós um ente quasi divino; porque, pobres creanças, ainda ignoravamos os caminhos por onde esses homens, chamados a uma existencia de sancta e sublime poesia, sabem vir despenhar-se no charco das miserias e torpezas humanas, e revolver-se ahi com aquelles de que deviam ser esperança, salvação e exemplo? Quem não se recorda com saudade do tempo em que o altar só lhe apparecia a certa distancia, com o seu frontal broslado e a sua toalha alvissima, assoberbado pela catadupa de lumes de um throno,