do bom do inglez; de um homem cuja nação, como portuguez, tenho a obrigação moral de desamar? Era porque em contrario havia duas considerações igualmente moraes. Uma cabeça branca é sempre respeitavel, ainda que assente sobre o tronco ermo de coração de um filho da Gran-Bretanha. Além d’isso, o cesto de verga em que íam as nossas provisões estava alli como um espectro, que me embargava sacudir a fronte do ancião para o travesseiro macio do convez gordurento. O porque desta acção sympathica do cesto sobre o meu espirito di-lo-hei em breves palavras: é uma historia como qualquer outra.
Miss Parker de Plymouth era uma donzella de sessenta annos; excellente creatura, que nos hospedára por dous mezes naquella cidade, mediante a bagatella de tres shellings semanaes por cabeça. A Inglaterra, como todos sabem, é o paiz da franca e sincera hospitalidade. Eramos ahi nove portuguezes, em seis camas e tres aposentos, o que dava certo ar pythagorico e mysterioso á familia, que, dirigida por Miss Parker, podia servir de modelo ás outras ninhadas de emigrados que ainda viviam em Plymouth. Ninguem tinha uma patroa como nós, e os seus lodgings eram a perola das albergarias de Plymouth. A principio havia-se encarregado