do arraes. Um capitão de qualquer baixel é o absolutismo incarnado: as suas decisões equivalem á fatalidade moslemica. Em muitos sermões politicos, que é a espécie mais impertinente do genero litterario—sermão—tenho lido comparações fulminantes contra os tyrannos, buscadas no despotismo asiatico. Se eu cahisse na miseria de fazer eloquencia politica, não ía tão longe busca-las. Saltava no primeiro hiate, chasse-marée, ou sloop, e travando do arraes dizia ao mundo: ecce homo; eis-aqui a flôr, a maravilha, o ideal de todos os despotismos possiveis. Os que andam incommodando Attila, Kulikan, ou Timur, para afferir por elles os tyrannetes quasi-ridiculos da Europa moderna, são dissertadores d’agua-doce, que (para me servir de uma phrase do auctor de Micer Harold) nunca pozeram a mão sobre a juba crespa do oceano. Tyrannia e arraes são synonimos: digam o que quizerem os extirpadores implacaveis das synonimias.
Maitre Jean Legris era um verdadeiro arraes normando: duro, carrancudo, e inexoravel como os piratas do seculo duodecimo seus antepassados, de que tão pavorosas memorias restam nas costas de Portugal e de Galliza. Ouvimo-lo com magoa, mas com respeito, porque não havia replicar. O chasse-marée obedecia