Um seu riso brilha tanto,
Com brilha um doce pranto
Nas rubras folhas da rosa,
Como brilha a nivea estrella,
Quando a lua pura e bella
Esconde a face formosa.
Por um riso todo seu
Dar-lhe-ia o sceptro do céu!
Se eu fosse o Omnipotente:
Mas sou pobre trovador,
Dou-lhe a minha harpa d’amôr.
Por um seu riso fervente.
Gentil mariposa que vens tão asinha
A chamma buscando, que te hade queimar,
Não temes a morte?... Nào temes, coitada,
Parece desejas a vida findar.
Ai triste procuras a luz que te mata,
Qual nós vaes incauta seguindo o prazer!
O brilho funesto, que sabe altrahir-te,
E’ brilho de morte, na luz vaes arder....
Mas como fugir-lhe?... Quem foge ao destino?!
E’ sempre tão grato deleites seguir!...
O fado assim manda.... o mal sempre agrada,
E o bem desprezamos, só por não luzir.
Gentil mariposa, não vás tão asinha
A chamma buscando que te hade queimar:
O brilho despreza da luz que te mata,
Nào queiras a vida tão cêdo findar.