resignadas... Entretanto, se ela própria me não tivesse jurado aceitar com satisfação o sacrifício de partilhar de minha pobreza, não faria a V. Ex.ª, nem por pensamento, o temerário pedido que acabo de fazer. Desejo que V. Ex.ª me conceda sua filha, sem outro dote além das virtudes que a enobrecem e além dos seus encantos pessoais...
Eu sorri. Não sei se era sincero o que ele dizia. Talvez fosse, porque a mocidade é quase sempre generosa e o primeiro amor é leal e adora o sacrifício. Mas a idéia de consentir que minha filha partilhasse do magro ordenado de um amanuense de secretaria, pareceu-me infinitamente extravagante.
Já se vê que entrava no meu sorriso um pouco de vaidade; qual é, porém, o nosso ato social em que a vaidade não entre em grande ou pequena dose?
— Senhor José Leandro de Oviedo, declarei-lhe formalmente — o dote de minha filha pertence a minha filha. Dele partilhará a pessoa que se casar com ela; e se dela tiver filhos, herdará de mim, como a esposa, o que eu por minha vez herdei de meus pais, de meu sogro e de meu marido. Isso é questão