o defronte de mim com uma chavezinha de prata, e tirou de dentro um livro preciosamente encadernado.
Mostrou-me o livro, em silêncio, cheio de gestos e desvelos religiosos. Na capa, entre guarnições de ouro e pedras finas, havia um delicadíssimo esmalte, retratando em miniatura o busto da sogra. Estava a primor, com o seu distinto e singelo penteado de cabelos brancos, com as suas lunetas de cristal, e com aquele sutil sorriso malicioso, que lhe conheci noutro tempo.
— Não poderia dar-te maior prova de amizade, do que te confiando este sagrado tesouro, disse-me Leandro. — É um manuscrito de minha sogra. Começa a lê-lo hoje antes de dormir, e depois, quando o tenhas concluído, conversaremos a respeito da mãe de minha mulher...
Tomei nas mãos, cuidadosamente, a sedutora relíquia, examinei-a deveras intrigado, depu-la de novo no seu estojo, agradeci a Leandro o obséquio, impaciente por vê-lo pelas costas.
Logo que me pilhei sozinho, fiz em três