— Não! arrematei. Hás de conservar-te integralmente sedutora na imaginação de teu marido! Quero que ele te deixe fresca e bonita, como ainda estás agora, e te venha encontrar depois, ainda mais interessante do que te deixou, com uma linda e cheirosa criancinha ao colo. O teu parto não há de inutilizar aos seus olhos a mulher que ele em ti ama. Não quero que ele se converta no teu amigo extremoso; quero que ele continue a ser o teu amante apaixonado. Quero enfim que Leandro se não desiluda contigo, como homem, para que ele não precise nunca substituir-te secretamente por outra mulher!
E, depois de uma pausa, terminei carinhosamente com estas palavras: — Ora aí tens tu, minha filha, a razão do meu procedimento. Agora a ti compete apreciá-lo bem ou mal...
Palmira levantou-se, beijou-me, e caiu soluçando nos meu braços.
— Minha boa mãe!... disse ela.
A pobre criança tinha compreendido tudo, e a sua singela frase pagou-me nesse instante de todos os desgostos que sofri e de todos os desvelos que por seu amor mantive até aí com tanta luta.